O magnata e benfeitor do panetone, Sr. Demoarruda Bauducco, aconselhou Tancredo em reunião privada antes do discurso.
O Mais Preparado dos Brasileiros, o futuro pres. Zezinho, viajou ontem a Brasília para acompanhar o memorável discurso em que Tancredo Neves chamou a Nação Brasileira às falas.
O discurso ocorreu em uma micareta promovida pela UDN em Brasília. O Presidente de Nascença acompanhou o pronunciamento do Faraó das Alterosas no Camarote VIP montado pela Cervejaria Devassa, ao lado da grande intelectual e apoiadora Sandy Davis Jr.
A presença do Maior dos Filhos da Mooca na micareta udenista foi considerada uma prova inequívoca da unidade da agremiação, desmentindo os boatos de que as alas mineira e paulista estariam digladiando-se em uma nova Guerra dos Emboabas.
EMPOLGAÇÃO: O pres. Zezinho saiu visivelmente entusiasmado da micareta, depois do discurso de Tancredo Neves (direita).
Vozes discordantes tentaram enxovalhar e evento, dizendo que o pres. Zezinho compareceu apenas porque estava cansado de jogar bocha na Caverna do Ostracismo. Foram rapidamente desmentidas pelo grande jornalista de praça e futuro acadêmico, Sr. Merdoval Pedreira, que disse que essa notícia era totalmente descabida.
Um discurso memorável
Tancredo: "nós, udenistas, achamos que usar boné com terno e gravata é tão atrasado quanto usar software livre".
Inspirado pelo Almirante do Tietê, o Sr. Tancredo disse a que veio. Em um inflamado discurso conciliador, demonstrou como o partido da usurpadora-mirim do planalto é composto por gente feia, suja e malvada. Disse também que, no começo dos anos 80, o ex-usurpador do planalto era barrigudo, não aparava a barba e usava um bonezinho muito mais feio que o do Milton Nascimento, arrancando entusiasmados aplausos dos udenistas presentes. “Sem falar nas camisetas do Che que a turma dele gostava de usar”, ainda completou, para delírio dos elegantes udenistas.
O Faraó das Alterosas também criticou as condições de vida na Capital Federal, mostrando-se indignado com a cafonice dos edifícios. Destacou, como exemplo a ser seguido, a bela pirâmide administrativa que fez construir em Belo Horizonte.
SUPERSTIÇÃO: O senador Itamarzinho avisou Tancredo para não lembrar muito o governo do ex-sábio FHC: "dizem que dá azar".
O ponto mais polêmico do discurso foi a defesa que fez do governo do ex-pensador FHC.
Nesse momento, a banda parou a música e fez-se um silêncio um pouco constrangido entre os participantes da micareta. O pres. Zezinho cochichou a auxiliares: “o que deu no Tancredo de falar nisso, agora?”
Apesar do constrangimento geral, o grande líder de Copacabana prosseguiu, elogiando a inesquecível obra do ex-intelectual, até que Itamarzinho, o menino maluquinho que anda com ele, pigarreou e cutucou seu ombro.
Repercussão
Imediatamente, as principais lideranças da UDN saíram dando entrevistas a quem puderam, elogiando o discurso comparável ao Grito do Ipiranga. O deputado udenista Mário Coito (UDN-PA) era dos mais excitados. Chegou a pegar a vassoura de um faxineiro, pensando que era microfone, para falar: “Foi lindo! Ele me deixou todinho arrepiado!”.
O grande jornalista de fretes, Carlos A. Merdenberg, destacou a importância da “mais radical” das propostas apresentadas por Tancredo: o Fanfarrão Minésio propôs que o governo paulista assumisse a gestão de todas as rodovias, avenidas e ruas do país, implantando pedágios em todas elas.
Tancredo alertou: O Cachorro do Zé Dirceu foi treinado para colocar o governo a serviço do PT e do comunismo internacional.
Segundo o importante jornalista de programa, ao colocar essa proposta como a base da salvação do país, Tancredo mostrou toda a sua grandeza como estadista.
O Cachorro-Lagosta, antigo e fiel aliado do Faraó das Alterosas, também falou com a imprensa Mais Vendida do Brasil, engalonada para a festividade.
O crustocanino da UDN declarou à entusiasmada jornalista Cristiana Cordeiro (lupus vestitus agna tergum) que não se surpreendeu com o discurso: “Tancredo já havia adiantado vários pontos em uma conversa que tivemos semana passada, quando ele me levou para passear na Praia de Copacabana”.
O Cachorro-Lagosta elogiou a parte em que o Menino do Rio criticou as relações espúrias entre a usurpadora-mirim do planalto e o cachorro do Zé Dirceu.
QUADRILHA: UDN preparou uma festa junina patriótica para comemorar o discurso, mas Tancredo não foi porque tinha um compromisso em Copacabana.
Referindo-se ao primeiro-cão, o simpático líder udenocanino comentou: “esse Nego não larga o osso; entre um pote de ração e o Brasil, prefere o pote de ração”, afirmou o Cachorro-Lagosta, antes de devorar um biscrok dado pela assistente de Tancredo, Tia Anastácia.
Estranhamente, o pres. Zezinho preferiu não comentar o discurso de Tancredo Neves.
Comentário da tia Carmela
O Zezinho deve ter ouvido o discurso segurando, no bolso do paletó, um bonequinho do Tancredo cheio de alfinetes espetados…